“… se interpretares a subida e o exame das coisas acima como a ascensão da alma à região inteligível, terás captado o que espero transmitir, uma vez que isso é o que querias ouvir. Se isso é verdadeiro ou não, só o deus o sabe.” (Platão, 2014, p.292)
Os principais símbolos metafóricos para compreensão da Alegoria da Caverna são:
Os prisioneiros
“…prisioneiros estranhos… são como nós.” (Platão, 2014, p.289)
- São as pessoas, os seres humanos (a massa, o povo).
- Os prisioneiros são a grande maioria da população, que se contentam com o grau inferior de conhecimento e não buscam o conhecimento racional, ou seja, a compreensão real das coisas na sua essência.
- Somos céticos com novas ideias e temos a tendência de ficar em nossa zona de conforto, fechado a qualquer coisa que seja diferente das crenças que acreditamos.
Os carregadores dos objetos (marionetes)
“Então também imagina que há pessoas ao longo do muro, carregando todo tipo de artefatos que são erguidos acima do nível do muro: estátuas de seres humanos, e de outros animais, feitas de pedra, madeira e todo material. E, como seria de esperar, alguns desses carregadores conversam, ao passo que outros estão calados.” (Platão, 2014, p.289)
- São outras pessoas, organizações, instituições ou qualquer outra forma de representação de algo que possui algum interesse em nos manter presos em uma realidade que seja mais favorável a si próprios.
- Os objetos carregados (marionetes), são a origem das sombras e equivalem as coisas que os seres humanos mais possuem vontade, desejo, necessidade ou medo. Quando há isso, existe o necessário para permanecer onde estamos: SOB CONTROLE.
A caverna
“E se alguém o forçasse a fitar a própria luz, seus olhos não doeriam e não daria ele as costas, fugindo na direção das coisas que é capaz de ver, convicto de que são positivamente mais nítidas e exatas das que lhe estão sendo mostradas?” (Platão, 2014, p.290)
- São nossos paradigmas, nossas crenças, nossos estereótipos, nossos hábitos enraizados, aquilo que nos deu a forma que somos e tudo mais que nos faz ser fixos às verdades que acreditamos.
- São as crenças limitantes que travam a nossa vida.
- É o nosso próprio corpo, que tem um conhecimento limitado pelo que captamos através dos nossos cinco sentidos (paladar, audição, tato, olfato e visão).
- A caverna é tudo aquilo que nos mantém nos graus menos elevados de sabedoria, como por exemplo, quando imaginamos que a felicidade está nas coisas materiais.
As sombras da caverna
“Por conseguinte, os prisioneiros acreditariam cabalmente que a verdade não seria nada mais senão as sombras desses artefatos.” (Platão, 2014, p.290)
- É a nossa forma costumeira (e às vezes irreal), de perceber a realidade que vivemos.
- É o resultado dos nossos pensamentos. Geralmente eles nos enganam mostrando-se de maneira diferente do que realmente são.
- É a forma como enxergamos o mundo tendo em vista o que nos foi ensinado desde a nossa infância.
- É a visão da realidade que criamos para nós mesmos tendo em vista todas as dificuldades que vivemos na nossa vida.
A libertação das correntes
“Considera, então, de que caráter seria a liberação dessas correntes e a cura dessa ignorância se algo assim acontecesse…” (Platão, 2014, p.290)
- É o momento em que decidimos nos abrir a possibilidade de enxergar as coisas de outra maneira.
- É a possibilidade de mudar seus paradigmas, desconstruir estereótipos, vencer crenças limitantes, sair da zona de conforto, alterar sua programação mental, livrar-se de hábitos indesejados ou adquirir novos hábitos na sua vida.
- É ir no sentido contrário do que a grande maioria das pessoas vai.
- É fazer uma revolução pessoal, ganhar autoconsciência e transformar-se.
- É quebrar seus padrões de comportamento.
O movimento de saída da caverna
“…quando um deles fosse libertado e subitamente obrigado a se levantar, virar a cabeça, caminhar e – erguendo o olhar – fitar a luz, experimentaria dor devido à ofuscação da vista e ficaria incapacitado para ver as coisas cujas sombras vira antes.” (Platão, 2014, p.290)
- É entrar na ação e buscar a compreensão.
- É o processo de transformação.
- É desprender-se unicamente da visão materialista de enxergar a realidade.
- É ascender e buscar a luz, saindo de uma escuridão profunda.
O fogo
“A região visível deveria ser comparada à morada, que é a prisão e a luz da fogueira nela ao poder do sol.” (Platão, 2014, p.292)
- É o simbolismo do sol para quem está dentro da caverna. É o fogo que faz ser possível a “vida” das projeções, da mesma forma que o sol quem mantém a “vida” da vida na real.
- Nem toda luz que parece ser a real geralmente é.
- É a representação de que ao longo da nossa jornada podemos nos deparar com coisas que podem ser usadas para o bem (o fogo nos aquece), ou para o mal (o fogo gera as projeções).
- As coisas nem são boas nem ruins, tudo depende de como você escolhe utilizá-las. Assim também são alguns dos nossos sentimentos e emoções. Ex.: o carisma pode ser usado para o bem ou para o mal.
A luz solar
“A esse ponto ele inferiria e concluiria que o sol é a fonte das estações e dos anos, governa tudo no mundo visível e é, de alguma forma, a causa de todas as coisas que ele estava acostumado a ver.” (Platão, 2014, p.291)
- É contato com algo superior, algo que nem todas as pessoas estarão abertas a querer perceber.
- É a sabedoria, a compreensão da verdadeira realidade, a única capaz de tornar o ser humano realmente diferente dos outros animais e plenamente desenvolvido na sua essência, na sua alma.
- É o novo conhecimento, a nova visão de mundo que no início causa desconforto frente ao que éramos, mas que depois acostuma-se aos olhos e nos dá clareza de viver.
O retorno para dentro da caverna
“E o que aconteceria quando se lembrasse de sua primeira morada, de seus companheiros prisioneiros e daquilo que ali passava por sabedoria? Não achas que se consideraria feliz pela mudança e teria pena dos outros? Certamente.” (Platão, 2014, p.291)
- É a representação do amor e da bondade presente no ser humano justo e que quer o Bem não apenas para si mas para os outros.
- É a possibilidade de ser aceito ou de ser rejeitado. Nem todos estarão abertos ao que você tem a dizer pois cada um vive o seu mundo e quer enxergá-lo da sua forma.
- É o momento do ceticismo de quem não está aberto ao novo.
- É a disseminação de novas idéias que no primeiro momento, podem causar confusão, desprezo e distanciamento das pessoas.
12 Recomendações sobre este conteúdo que todo Líder precisa saber:
- As coisas materiais são apenas sombras, pois desaparecem rapidamente sendo assim, instáveis e passageiras, levando a uma alegria momentânea.
- As riquezas, honras e prazeres podem ser vistos como elementos constituintes secundários e de forma alguma devem ser mais importantes que as coisas essenciais, como o conhecimento real e os bens da alma.
- Ficar dentro da caverna acaba sendo mais tentador e fácil para a vida humana, pois sair da zona de conforto é mais difícil e exige esforço.
- Sair da caverna é assumir responsabilidades da própria vida, porém é mais fácil continuar nas sombras e colocar a culpa nos outros.
- A luz pode incomodar, ou seja, é difícil libertar-se da cegueira da ignorância. Aceitar essa cegueira e os erros é um grande passo para o conhecimento verdadeiro.
- É preciso habituar-se para contemplar o mundo superior (luz fora da caverna). Não são todos que estão conectados com omundo espiritual já que vivemos em um mundo material.
- Precisamos devolver ou retribuir o bem que recebemos. Quem sai da caverna é iluminado pelo Bem e pela verdade de como as coisas são.
- Quem tem mais precisa dar para quem tem menos.
- Algumas pessoas estão presas e hipnotizadas. Suas crenças, valores, história de vida, perfil comportamental, meio em que vivem, programas que assistem e pessoas que escutam fazem com que não percebam que o que estão vivendo é uma ilusão.
- Algumas pessoas em um certo momento passam a questionar a realidade que vivem e buscam por respostas sobre o sentido e o significado por trás do que fazem e da vida.
- Há pessoas que montaram o “esquema” da caverna, ou seja, são responsáveis por decidir as “imagens” que hipnotizam as pessoas e as mantém longe da realidade. Eles já conhecem o mundo fora da caverna, mas escolheram manipular as pessoas e mantê-las escravas ao invés de libertá-las devido aos seus próprios interesses.
- Toda pessoa que volta à caverna para ajudar os outros possui uma potência inata de liderança dentro de si, ou seja, quer e busca o bem não apenas para si mas para os outros.
Sobre o Autor

Instagram: @whillianbrose
Diretor Executivo de Serviços na Senior Sistemas
Professor de Liderança e Desenvolvimento Humano
Executivo a +20 anos em empresas do Brasil e exterior
+1800 alunos formados nos últimos anos
+800 minutos de depoimentos e histórias de transformações realizadas.
MINI-BIO ACADÊMICA:
- Doutorando Profissional em Gestão e Negócios na UNISINOS/RS.
- Mestre Profissional em Gestão e Negócios na UNISINOS/RS.
- Mestre em Administration des Entreprises na Université de Poitiers/FRANÇA.
- Especialista em Ciência de Dados pelo Mackenzie/SP.
- MBA em Psicologia Empresarial pela AMF/RS.
- MBA em Gestão de Empresas de Base Tecnológica pela UNISINOS/RS.
- Bacharel em Ciência da Computação pela ULBRA/RS.
- Bacharelando em Filosofia pela UNINTER/PR.
Artigo #A031